terça-feira, 13 de julho de 2010

O TORRÃO DE AÇÚCAR

O TORRÃO DE AÇUCAR
Maria Hilda de J. Alão.
- Vamos, empurrem! Um, dois...três... levantar volume! Força companheiras! Unidas conseguiremos levar a carga. Atenção, atenção operárias da reserva, substituir companheira da esquerda. Alinhar fila. Acelerar passo. Vamos em frente, estamos chegando à descida da montanha. Psiu, você aí! Está fora de prumo. Alinhe-se ao resto da turma. Vamos, vamos!
- Chegamos. Cuidado com a descida. Preciso de mais auxiliares para ficar a frente do volume fazendo um cordão de amparo. Quero as mais fortes por causa da inclinação do terreno. Vamos, mexam-se! Não temos o dia todo. Alguém pode chegar e tirar de nós o volume. Façam de conta que isto é um exercício militar. Cantem comigo!
“Eu sou uma formiguinha
Tenho força de gigante
O que é mais importante
Tenho sempre comidinha.”
Minutos depois.
- Batalhão, parar para descansar! Podem comer um pouco da carga para restaurar as forças. – um minuto depois.
- Atenção! Erguer volume com cuidado. Retomar marcha! Caminhando, caminhando sem esmorecer. Isso! Avante! Pelotão de amparo fechar mais, não deixe espaço aberto em torno do volume!
- Já estamos no sopé da montanha, mais um pouco estaremos em terreno plano rumo ao nosso quartel. Cantem, cantem para acelerar!
“Eu sou uma formiguinha
Pareço muito fraquinha
O que é mais importante
Tenho força de gigante.”
- Atenção, estamos chegando ao formigueiro! Pelotão de inspeção, inspecionar terreno!

- Área limpa, general! – afirmou uma das formigas do pelotão.
- Preparar volume para descarga! Que venham as ceifadeiras e as carregadeiras. Soltar carga! Começar desmonte acelerado! Batalhão de transporte, dispensado!
Em questão de minutos o torrão de açúcar estava sendo levado, em grãos, para dentro do formigueiro.

- Vovó, você viu como elas fazem? Elas são como um exército de verdade, têm até um general de campo que dá as ordens. Eu pensei que o torrão de açúcar fosse cair quando elas chegaram à borda da pia, e quando desciam pela parede eu pensei: agora cai, mas que nada, elas fizeram um escoramento. Caramba! Bichinho inteligente! Demorou, mas elas conseguiram. – disse o menino sentado no chão da área de serviço, diante dum buraquinho do tamanho da cabeça de um pequeno prego onde estava instalado o formigueiro.
- Aprenda com elas, meu filho. Força, paciência, persistência, ordem e obediência são fatores para se vencer na vida.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

ENCONTRO NACIONAL DE CONTADORES DE HISTÓRIAS

OLÁ PESSOAL, NOS DIAS 16, 17 E 18 DE JULHO SANTA BÁRBARA ESTARÁ RECEBENDO CONTADORES DE HISTÓRIAS DE VÁRIAS CIDADES DE SÃO PAULO INCLUSIVE DE OUTROS ESTADOS.
PROCUREM MAIS INFORMAÇÕES DA PROGRAMAÇÃO.
NO DIA 17/07/10 (SÁBADO) DAS 9:00 ÀS 12:00 HORAS ESTAREMOS NO CENTRO DE SANTA BÁRBARA E TAMBÉM NA BIBLIOTECA CENTRAL.
VAMOS PRESTIGIAR OS CONTADORES PARTICIPANDO E LEVANDO TODA CRIANÇADA.
CONTAMOS COM A SUA PRESENÇA.
BEIJOS.

O GATO E O RATO

O GATO E O RATO

Maria Hilda de J. Alão

Uma vez estava um gato caminhando entre pedras e pedaços de madeira quando foi avistado por um rato que, rapidamente, se escondeu num buraco. O gato percebeu e pensou:
- Ele vai ter de sair e eu estarei esperando.
E riu o riso dos gatos num prolongado miauuuuuuu. O pobre rato, lá no buraco, tremia imaginando o poder das unhas e dos dentes do bichano. Passou-se um bom tempo. O silêncio reinava lá fora. O ratinho apurou os ouvidos. Nada. Então colocou a cabeça para fora do buraco e usando o poder farejador dos seus bigodes, rastreou o espaço em volta. Nada. Talvez o gato tenha cansado de esperar e foi embora. Sentiu-se seguro. Devagar foi saindo ainda usando os bigodes como radar. Nada de gato. Finalmente estava fora.
Caminhou uns poucos metros e, pumba, o gato saltou na sua frente. O ratinho, apavorado, gritou:
- Pode parar!!
O gato ficou espantado com a audácia daquela criatura asquerosa, odiada pelos homens e pelos gatos, arqueou o dorso, arrepiou os pêlos, arreganhou os dentes e disse:
- Sujeito atrevido, vou acabar com você!
- Tá, tá bem, seu gato, mas antes me diga uma coisa: Por que não podemos ser amigos?
O gato riu. O riso sinistro fez o ratinho se encolher de tanto medo.
- Nunca! Jamais um gato foi amigo dum rato. Vocês são desprezíveis, burros, sinônimo de sujeira e de doença. Esse ódio aos ratos está no sangue dos felinos, sangue nobre e puro. Você conhece alguma história de gato amigo de rato? Já viu um rato vencer um gato?
- É, seu gato, acho que está carregado de razão! Respondeu o rato com a voz sumidinha.
Continuou a argumentar com o gato que maquinava o bote que daria para abocanhar o rato. Daria um bote de serpente. Não. Serpente não. Daria o pulo do gato. Aquele pulo leve, alongado, silencioso e, zaz, rato na boca. O rato percebeu a distração do gato vaidoso e disse:
- Seu gato, antes que me pegue, gostaria de fazer uma aposta com você.
- Aposta?
- É. Você disse que os ratos são burros, desqualificados. São tão nojentos que os homens tratam outros homens de rato quando eles são desonestos.
- Isso é verdade. - Respondeu o gato.
- Qual é a aposta?
- Bem, - disse o ratinho – eu gosto muito de contar gatos no meu pensamento. Eu fecho os olhos, fico em silêncio e conto: um gatinho, dois gatinhos... nunca consegui passar dos cem gatinhos. Olha que gasto duas horas contando. Talvez eu tenha o cérebro do tamanho de um grão de areia. Já você, que é bem maior, pode contar uns mil ratinhos em cinco minutos. Não é verdade?
O gato pensou no desafio. É não custava nada fazer a vontade daquele idiota. Seria a última mesmo. Estufou o peito e disse:
- Tá apostado. Pode marcar o tempo. Quando terminar eu pego você.
Não havia passado nem cinco minutos da contagem e o gato abriu um olho para ver se o rato estava cronometrando. Cadê o rato? O gato ficou possesso. Fora enganado por um rato sujo, desonesto com cara de fuinha. Miou de ódio, arranhou o chão, rolou sobre as pedras para aplacar a ira. Mas quando olhou para o buraco chorou, chorou tanto que os olhos verdes ficaram pretos como as letras do bilhete que o ratinho deixou à entrada do buraco.
“E eu é que sou burro, ah, ah, ah...”

(histórias que contava para o meu neto).

B